sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
"Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando, porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."(Luiz Fernando Veríssimo)
♫Amor que não se pede Amor que não se mede Que não se repete Amor...♪
Ensaio sobre o vazio
Uma das maiores lutas que um homem pode travar em sua breve existência é a luta contra o vazio. Quando ele vem, geralmente sem aviso prévio, instala em nossa vida um sentimento de impotência diante da realidade que nada, ou quase nada, é capaz de sanar. Tudo o que fazemos é automático e não faz sentido: acordar, tomar banho, ir para o trabalho, comer, voltar para casa, comer de novo, dar uma volta, conversar com alguém, dormir. E repetir o ciclo indefinidamente, como Sísifo empurrando a pedra para cima da montanha. Vive-se a angústia da espera. Mas espera-se o quê? Nem nós sabemos o que é que estamos esperando. E, no entanto, esperamos que algo aconteça. Amigos mais próximos dão conselhos, quase sempre otimistas. Tecem-nos elogios, tentam inflar nosso ego, convindam-nos para festas. Em vão. Outros recomendam terapia, anti-depressivos, yoga, meditação, exercícios físicos. Mas não temos forças para buscar ajuda e desconfiamos de que irão mesmo botar um ponto final na angústia. A vida seguia seu rumo e de repente ocorre um desvio imprevisto e junto com ele outro e outro. E a solidão se instala. E o que era alegria espontânea se torna teatro. Vamos beber com os amigos e nunca estamos com eles: nosso pensamento está longe, num lugar que não há porque lugar nenhum nos conforta. Este lugar só existia dentro de nós e agora somos exilados de nós mesmos, vivendo uma vida provisória, cercada de tédio e estranhamento. Pequenos prazeres se foram e temos medo de nunca mais recuperar a capacidade de senti-los. Estar sozinho é penoso e traz pensamentos destrutivos, mas estar acompanhado nos obriga a mascarar o desespero e manter o equilíbrio, numa briga interna tão solitária que deixa a alma em frangalhos, impossibilitada de reagir mesmo diante da maior beleza. Músicas o fazem chorar. O vinho traz reminiscências. Caminhar por ruas lotadas o torna mais solitário. Todos vivem sua vida, menos você. É certo que ninguém desconfia da profundidade de sua dor, afinal, você ainda está de pé e continua fazendo as coisas de sempre. A máquina do mundo é tão bem construída que lhe é impossível parar, o mundo não pode interromper seu fluxo para que você se recupere, você tem de produzir, você tem de funcionar e chega mesmo a se convencer de que é o melhor a fazer neste momento. Mas chega a noite e você está sozinho de novo e repete a si mesmo que não conseguirá sobreviver à mais uma madrugada de insônia. Tem medo de morrer de tanta angústia, engasgado no próprio choro e completamente só. Logo você que sempre foi tão seguro e tão paciente. Logo você que sempre se gabou não depender de ninguém para ser feliz. Logo você que passava por cima de todas as porradas. Então você não entende o que aconteceu para que, do nada, a tristeza da tristeza viesse se instalar em sua vida. Não tem mais certeza do que quer realmente fazer da vida. Se quer largar velhos vícios ou se quer assumi-los de vez. Onde foi parar a sua personalidade? Como reencontrar aquele brilho no olhar e aquela paixão no discurso que fazia com que as pessoas se aproximassem e quisessem estar perto de você? Você tenta buscar as origens do medo e só consegue ficar mais confuso. Há uma perda que você identifica, mas você já sofreu tantas perdas na vida e não entende por que razão logo essa foi tirar sua paz. Não, não é a perda. É você. Você é o seu próprio assassino. Reza, implora por um telefonema. Mas quando o telefone toca, você não atende. Se atender a chamada você sabe que irá botar novamente a máscara e dizer que está tudo bem. Ou então irá chorar descontroladamente e botar tudo a perder: moral, orgulho, auto-estima. Você não quer afastar ainda mais as pessoas, mas o isolamento faz com que as pessoas esqueçam progressivamente que você existe. Mais uma vez uma encruzilhada se coloca em seu caminho: o que fazer? Espera passar e volta fortalecido aos braços do mundo? Ou pede ajuda ao mundo de uma vez por todas? Você até se pergunta, mas não consegue mais ter certezas ou convicções. Você não identifica o problema. Ninguém poderá lhe ajudar. E o vazio lhe come por dentro. A sensação é justamente esta: a de que há um bicho instalado na boca do estômago e o bicho está crescendo e dando cria e em pouco tempo milhões de outros bichos iguais à ele estarão procriando em seu sangue até chegarem ao cérebro e quando chegarem ao cérebro será a loucura. O bicho não aparece nas radiografias, você vai ao médico e faz todos os exames e nada é detectado. Ele diz que está tudo bem, mas você sabe que o bicho está ali. Dentro de alguns anos você não terá mais as mesmas oportunidades de ser feliz. E quando olha o relógio, o tic-tac na calada da noite, pensa na juventude se esvaindo, grão em grão, gota a gota, seu nome é urgência, você não quer começar tudo de novo, você quer de volta o pedaço de vida que lhe foi extraído, mas não há mais o que ser feito, o passado é um fantasma morando no sótão e a morte só põe fim à dor quando é física. A esperança é uma maldição e você luta contra ela, mesmo sabendo que vai perder. Começa a acreditar na possibilidade do milagre até se lembrar de que é um homem sem fé. E então desaba de novo. Ouve a voz do espelho: conforme-se, rapaz. Mas você não quer se conformar. A resignação acentua o vazio e o obriga a mudar. Mas você não muda, você é duro, você quer sentir alguma coisa, ainda que doa. E finalmente escreve sobre o vazio, expõe sua dor, ainda que não espere resposta de ninguém. Odeia a piedade alheia, você também nunca viu com bons olhos o muro das lamentações, sempre acreditou na redenção pela sabedoria. Só que agora a coisa é diferente: você achava que já havia sentido o vazio, mas era impressão sua. O vazio é isto aqui, não o que você sentira antes. O vazio é não saber como terminar um texto.
*Texto originalmente escrito por Bruno Ribeiro
*Texto originalmente escrito por Bruno Ribeiro
Estou de volta.....*=*
Depois de um longo e tenebroso inverno, eis me aqui.
Estive com a cabeça ocupada demais, e semmotivação para escrever..rsrsrsrs...
Mas como nada e para sempre...estou akiii...
E daqui eu naosaio, daki ninguem me tira....kkkk
Estive com a cabeça ocupada demais, e semmotivação para escrever..rsrsrsrs...
Mas como nada e para sempre...estou akiii...
E daqui eu naosaio, daki ninguem me tira....kkkk



